Terceirização em TI. É sempre bom recordar o passado

Vou contar uma historinha que assisti ocorrer nas entranhas do Ministério do Trabalho, no início do Governo Lula, quando o ministro era Ricardo Berzoini. Na época, Lula mandou fechar via MP as empresas de bingo.

A reação foi imediata, o setor alegou que 300 mil trabalhadores perderiam o emprego da noite para o dia. Lula entrou em parafuso. Como ele, um trabalhador, poderia adotar uma medida que levaria tanta gente ao desemprego?

O presidente ligou para o ministro Berzoini e solicitou que o Ministério do Trabalho investigasse se os números de demitidos estava correto, pois ninguém o avisou do tamanho do desemprego que causaria num único setor. Seguindo a cadeia de comando, Berzoini mandou seu secretário-executivo tomar as providências e levantar tudo no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados ).

O secretário, por sua vez, mandou seu coordenador de informática levantar os dados no sistema do ministério. Naquela época, a informática do ministério, se não me falha a memória, tinha em torno de 20 funcionários, sendo 19 terceirizados. Apenas um era do quadro.

Pois bem, a informática retornou informando que precisaria de pelo menos uma semana para levantar a informação, porque o Caged não passava de uma planilha em Word, ou Excel. Não tinha como depurar as informações em tempo real. Berzoini ao tomar conhecimento quase pulou do prédio. Não teria como informar ao presidente da suposta maldade que acabara de cometer.

Como foi que fizeram para obter as informações em menos de 48 horas?

Simples, um amigo de Berzoini, profundo conhecedor de informática e das sacanagens que rolavam nos ministérios com empresas terceirizadas, entrou no circuito e pegou um funcionário terceirizado. Pagou cinco mil reais e em menos de 48 horas tinha nas mãos a informação de que apenas uns mil funcionários de bingos tinham carteira assinada.

Ou seja; o impacto da demissão dos 300 mil empregados formais era pura cascata dos donos de bingos. Isso ocorreu entre os anos de 2003 e 2004. A empresa terceirizada quebrou e foi vendida alguns anos depois, quando o Governo Lula acabou com as terceirizações no setor público, pelo menos em áreas estratégicas de ministérios por recomendação, inclusive, do Tribunal de Contas da União.

* Parece que vou assistir esse filme outra vez.