O ‘comunicativo’ João Rezende

Nunca me dei ao trabalho de entrevistar esse conselheiro da Anatel. Por uma razão muito simples: Em duas ou três entrevistas coletivas que participei na agência, cujo interlocutor era ele, constatei que João Rezende não sabia nada do que estava falando, sequer tinha se preparado direito para emitir algum parecer sobre o tema.

Se servia o tempo todo do apoio dos funcionários da agência que, efetivamente, estudaram o assunto e elaboraram os pareceres que foram para as reuniões do Conselho Diretor como se fossem obra deste conselheiro. Vi várias vezes esses mesmos funcionários corrigirem o conselheiro, antes que terminasse proferindo alguma bobagem aos jornalistas.

Mas…

De uns tempos para cá, depois que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, assumiu o cargo, João Rezende mudou da água para o vinho. Virou um especialista, desde que atuou na relatoria das mudanças no setor de TV a Cabo. Já é dado até como o próximo presidente da Anatel e ele não se esforça nem um pouco para esconder esse desejo.

Agora João Rezende tornou-se até numa espécie de “guru” para a imprensa, quase um vidente inclusive. Conseguiu até antever uma decisão que o Tribunal de Contas da União poderá tomar nesta sexta-feira, com base num pedido feito pelo Ministério Público Federal: Cancelará tudo o que a Anatel regulou até agora no mercado de TV a cabo, ou seja: Ele.

Alerta geral!!!! O guru falou!!!!! Parem as rotativas!!!

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, amigo de João Rezende desde os tempos de “piá”, no Paraná, diante dessa crise institucional instalada no coração do seu ministério – criada não pelo esforço verbal de algum ministro do TCU, ou sentença publicada em Acórdão – já saiu em defesa dos sussurros em “off” deste que tem sido um misto de conselheiro de agência reguladora e uma ‘pitonisa’ do templo de Apolo:

“Levem em conta o interesse público”, bradou o ministro em direção aos ministros do Tribunal de Contas da União, querendo que todos entendam que: Somente com as empresas de telefonia no mercado de TV a Cabo nós – os pobres mortais – deixaremos de “virar um NET”.

Olha, não deixa de ter certa razão Paulo Bernardo quando acha que TV a Cabo seria melhor e mais bem atendida ao púbico, se tivéssemos mais concorrentes no mercado.

Porém essa lógica do ministro das Comunicações se perde no Cerrado de Brasília, quando se trata de atender ao mesmo interesse público na questão da banda larga.

Aí ele nega à Telebrás a chance de ficar com a faixa de frequência de 450 MHz para levar a banda larga nos grotões do país.

Neste caso ele segue o seu outro guru, da inclusão digital, que acha que somente dando para as teles – sem licitação – essa faixa de frequência, a população será mais “velox” e terá mais “speedy”.