Brasil melhora posição no ranking global de Competitividade Digital

O Brasil subiu seis posições no ranking global de Competitividade Digital e se encontra agora na 51ª posição, sua melhor colocação desde a criação do estudo, em 2017. O resultado vem de avaliação feita em 63 países pelo Núcleo de Competitividade Global do IMD, escola de negócios da Suíça, em parceria com a Fundação Dom Cabral, nona melhor escola de negócios do mundo, de acordo com o ranking do jornal britânico Financial Times de 2020. O estudo, que também contou com o apoio do Movimento Brasil Digital (MBD), analisa como as economias empregaram tecnologias digitais e, dentro dos resultados obtidos, é possível estimar a habilidades delas em resistir à pandemia da Covid-19.

O Brasil se destacou em medidas como os ganhos em relação à concentração científica, estrutura regulatória, capital e agilidade para negócios. Esta última, em especial, apresentou avanços na maioria de seus componentes, tais quais a transferência de conhecimento entre universidades e setor privado e a agilidade das empresas. Ainda assim, para o Professor Carlos Arruda, Coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, há muito a ser feito para que o país mantenha avanços sustentáveis no cenário mundial e amplifique sua competitividade.

Para fazer a avaliação, levou-se em consideração a análise de três fatores: Conhecimento – know-how necessário para descobrir, compreender e construir novas tecnologias; Tecnologia – as condições gerais que possibilitam o desenvolvimento de tecnologias digitais; e a Prontidão para o futuro, ou seja, o nível de preparo para explorar as transformações digitais.

Resultados do Brasil

“O avanço do Brasil no Ranking de Competitividade Digital 2020 está atrelado ao ganho de posições para o fator de conhecimento, tendo sido mantida estabilidade nos demais fatores. Se analisarmos os dados para os últimos 5 anos, observamos que o país parece estar se recuperando de uma perda anterior para conhecimento, mas enfrenta dificuldades para sustentar o ritmo de avanço para prontidão para o futuro, que configura, ainda assim, seu melhor fator”, avalia o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral.

A tabela 2 registra a progressão do País em resultados para os últimos 5 anos.

O fator de conhecimento é composto por três subfatores: talento, preparo e educação e concentração científica. Apesar de configurar entre os 10 países que mais investem publicamente em educação (9º), o Brasil apresenta um dos piores resultados no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) para a disciplina de matemática, ocupando a 55ª posição. Da mesma forma, a taxa aluno-professor (46º), a realização de educação superior (56º) e as graduações na área de ciências (55º) também não apontam na mesma direção que a dimensão dos gastos públicos em educação.

“Por outro lado, os componentes da concentração científica apontam bons resultados: o país é o 8º com maior participação das mulheres nas pesquisas científicas, apesar de 51º para mulheres graduadas, o 9º com maior produtividade da P&D por publicação e o 14º com maior emprego de robôs na educação e P&D. Esses dados refletem os gastos totais com P&D (31º), apesar da baixa composição de pessoal de P&D (44º) e baixa empregabilidade técnica-científica (40º) relativas”, diz Arruda .

Componentes do subfator talento apontam a percepção negativa do empresariado brasileiro em relação à suficiência da experiência internacional dos administradores (58º), atratividade de pessoal qualificado estrangeiro (58º), eficiência da gestão das cidades para incentivo do desenvolvimento de negócios (60º) e disponibilidade de mão de obra digital-tecnológica (62º). Ao mesmo tempo, o empresariado admite que o treinamento profissional não é uma prioridade nas empresas (59º).

“O ranking mostrou que uma das grandes dificuldades do Brasil ainda é sustentar o ritmo de avanço. A COVID-19 acelerou o processo de transformação digital de muitas empresas, sob o risco de deixar de fora do mercado as empresas que não se adequassem de maneira ágil e eficiente. Longe de ser o ideal, já que estamos falando de um movimento forçado causado por uma pandemia, mas a expectativa é que essa aceleração se reflita em ganhos de competitividade”, avalia Vitor Cavalcanti, Diretor Executivo do Movimento Brasil Digital.

Em quatro anos de divulgação do relatório, o Brasil sempre se manteve entre as economias com as piores avaliações. Porém, o resultado desse ano traz uma melhora de posição. A trajetória do País em análises anteriores foi a seguinte: da 55ª posição em 2017, caiu para o 57º lugar em 2018, onde permaneceu em 2019.

Resultado Global

O topo do ranking manteve-se relativamente estável, com Estados Unidos e Singapura na liderança, seguidos por Dinamarca (3º), que ultrapassou a Suécia (4º) e Hong Kong (5º), este pela primeira vez entre os 5 líderes. A China avançou 6 posições e sustentou sua tendência ascendente. O Chile (41º) segue à frente dos países latino-americanos, com avanço tímido de 1 posição em relação à edição anterior. Além disso, destaque positivo é conferido a Estônia (20º), que fez jus ao seu propósito de construir uma sociedade digital tendo avançado 8 posições, e negativo à África do Sul, que em período de pandemia do covid-19 por sua vez perdeu 12 posições.

“Não existe uma única nação no mundo que tenha obtido sucesso de forma sustentável sem preservar a prosperidade de seu povo. A competitividade refere-se a tal objetivo: determina como os países, regiões e empresas gerenciam suas competências para alcançar crescimento de longo prazo, gerar empregos e aumentar o bem-estar. A competitividade é, portanto, um caminho para o progresso que não resulta em vencedores e perdedores – quando dois países competem, ambos estão em melhor situação”, avalia Arturo Bris, Diretor do Centro de Competitividade Mundial do IMD .

O estudo completo pode ser acessado em: http://www.imd.org/wcc-press/home/?access=pressdiGDiwcc

*Fonte: Assessoria de Imprensa.