É indefensável pagar upgrade, para ter atualização de segurança nos legados

Na segunda parte da entrevista com Edenize Maron, Gerente Geral da Rimini Street, ela mencionou a dificuldades de as empresas deixarem o legado de lado e avançarem, ressaltando a necessidade de uma governança eficaz. No meio público, que ainda conta com muitos arquivos em linguagem consideradas “mortas” como o Cobol, o desafio é fazer com que este legado seja adaptado às novas aplicações. “Na realidade, esse é o nosso core business. O nosso mantra é justamente tirar o maior proveito daquilo que foi investido”, explica.

A gerente esclarece que orienta os clientes a cessarem com a rotina de buscar upgrade sistematicamente. “A consequência é que surgirem necessidades de soluções para interoperabilidade, expertise fundamental neste processo; interação com outros sistemas, uma vez que vai se requerendo outros protocolos para se comunicar com o legado; segurança, pois quando o cliente para de fazer upgrade do banco de dados, ele também não recebe mais as novas soluções de proteção”, explica.

Edenize sustenta que este novo cenário de independência das atualizações é justamente a engenharia. “Por isso é que valorizo os nerds, porque é necessário fazer o patch de segurança, garantido a interoperabilidade”. Na visão da gerente da Rimini Street, um dos grandes problemas que atrapalham o negócio reside no fato de a cultura da atualização contínua ainda ser forte entre as empresas menores “um certo complexo de inferioridade na América Latina.

Quando um grande player, que fatura US$ 40 bilhões, se manifesta fortemente, uma empresa que tem faturamento de R$ 500 milhões, recebe isso e acaba se retraindo. E esse complexo acaba sendo alimentado pela falta de conhecimento”. Para combater isso, a gerente sugere que, no momento da contratação, buscar os profissionais que conheçam profundamente todo o sistema.

“Isto é fundamental, inclusive para negociar com os grandes players”. Em uma avaliação de cenário, a executiva diz que, apesar de muitas companhias de Tecnologia da Informação anunciarem e venderem serviço, todas têm como principal negócio a venda do produto. “Elas não tiram a necessidade de alguém fazer um projeto e ajudar a usar a solução, pois elas não são “people intensive”. Portanto, continuam sendo empresas de produtos. Por isso, a capacitação é fundamental”, conclui.

A executiva também argumenta que o fato ocorre porque no produto é que se obtém as melhores margens, o que dificulta o investimento em capacitação e qualificação de profissionais. Em relação à proposta da Secretaria de Governo Digital (SGD) de fazer compras de TI centralizadas, a gerente avalia que para aquisição de produto, faz sentido. Porém, em relação a serviço, demonstra algumas preocupações. “Na teoria, qualquer um pode prestar o serviço. Como distinguir o melhor grupo de pessoas para desenvolver um projeto para um órgão? ”, questiona.

*Se você perdeu a primeira e segunda partes da entrevista, clique nos títulos abaixo:

Compras públicas: o melhor preço nem sempre traduz qualidade do serviço (1)

Falta cultura nerd e ousadia nos processos de compras públicas e privadas de TI do Brasil (2)