BB de Rosemary 2

* Da folha de São Paulo, neste domingo:

Rosemary Nóvoa Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, conseguiu que uma empresa do Banco do Brasil contratasse a empreiteira que tem o atual marido dela, João Vasconcelos, como diretor e um genro como sócio.

A New Talent recebeu R$ 1,12 milhão da Cobra, braço tecnológico do BB, num contrato com dispensa de licitação. O termo foi assinado em 17 de maio de 2010, quando a vice-presidência de tecnologia do BB era comandada por José Luiz Salinas.

Apadrinhado do ex-ministro José Dirceu e do deputado Ricardo Berzoini, Salinas tinha ascendência sobre as decisões da Cobra. Ele perdeu o cargo em junho de 2010, quando foi transferido para a Ásia. A Folha apurou que Salinas costumava frequentar o gabinete de Rosemary.

Segundo as investigações da Polícia Federal na Operação Porto Seguro, a New Talent apresentou atestado falso para conseguir a obra no BB. O documento “comprovava” capacidade da empresa para prestar o serviço dando como referência uma obra na Associação Cultural Nossa Senhora Aparecida, no valor de R$ 2,8 milhões. A associação é controlada por Paulo Vieira, ex-diretor da Ana (Agência Nacional de Águas), que seria parceiro de Rosemary em esquema de corrupção.

O presidente da Cobra na época da assinatura do contrato era Luiz Carlos Silva de Azevedo. Antes de assumir o comando da empresa ele era subordinado no BB a Ricardo Flores, na época em que este era vice-presidente da área de crédito da instituição. Ex-presidente da Previ e atual presidente da Brasilprev, Flores era amigo pessoal de Rosemary. Ele foi um dos convidados do casamento de Rosemary e João Vasconcelos.

A obra era para reforma no prédio da Cobra em Barueri (SP). O BB queria unificar o centro de tecnologia que operava em Brasília e no município. O último pagamento foi atrasado porque a New Talent entregou a obra sem cumprir as especificações do contrato. O último pagamento foi feito apenas após a regularização da obra.

A PF interceptou emails de Rosemary para Paulo Vieira nos quais ela cobra auxílio para que a New Talent obtenha contratos.

Rosemary também tentou aprovar no BB o aumento da capacidade de crédito da empresa Tecondi, que teria comprado parecer falso para ampliar sua capacidade no porto de Santos. Rosemary pediu a Flores, que comandava essa área no BB, um aumento de R$ 48 milhões. A decisão, porém, é colegiada e o BB vetou o pedido.

O BB disse, por meio da assessoria de imprensa, que não irá comentar o assunto. A Folha não conseguiu localizar Salinas, Flores e contato com a New Talent. Rosemary afirmou, por meio de nota, que nunca fez nada de ilegal.