Quanta bondade! Se a Microsoft não for para o céu dessa vez, então não irá mais

A Microsoft, sensibilizada com a situação do servidor público federal perante o demônio da pandemia do Covid19, decidiu doar 200 mil licenças de uso da plataforma “Microsoft Teams” que, entre outras coisas, permite a videoconferência.

A “parceria” foi fechada com a Secretaria de Governo Digital, que rapidamente tratou de espalhar a “boa notícia”. É curioso como sempre que se fala das ações desta multinacional no Governo Bolsonaro, o nome do secretário Luiz Felipe Monteiro aparece vinculado ao assunto.

E ele mesmo não esconde o seu entusiasmo com a Microsoft, nas redes sociais:

O interessante é a forma como a notícia foi propagada pela Comunicação do Ministério da Economia.

Com o sugestivo título: “Governo disponibiliza ferramentas e salas para órgãos públicos realizarem reuniões virtuais”, tal informação leva o leitor a crer que a Secretaria de Governo Digital mapeou todas as ferramentas para videoconferência disponíveis gratuitamente no mercado, de forma que todos os órgãos públicos possam utilizá-las neste momento em que o país combate a pandemia do Coronavírus.

Mas a informação de que foi montado um catálogo dessas ferramentas acaba aí. O ministério não fornece um link de acesso a elas. Apenas cita as ferramentas: Amazon Chime, Cisco webex, Zoom e Google Hangouts.

No entanto, abre o espaço para fazer propaganda da ferramenta “Microsoft Teams”, com o anuncio de que a multinacional acaba de disponibilizar 200 mil licenças da plataforma e suporte para as equipes do Executivo Federal.

É estranho o grau de importância dessa notícia, uma vez que a própria Microsoft já disponibiliza essa ferramenta na versão gratuita para um universo de até 300 pessoas participarem de um “chat”. Talvez a novidade fique por conta da videoconferência, que no caso do governo deverá ser cedido o pacote “Office 365 E3”, já que essa versão traz o suporte técnico.

Se confirmado ser essa versão, então a Microsoft num rasgo de bondade decidiu abrir mão de uma receita estimada em R$ 18,8 milhões/mês, pelo prazo em que vigorar as medidas de confinamento e quarentena determinadas pelo governo. No site da Microsoft tem a tabela de preços para cada pacote que contenha a versão “Team”.

E aí ficam algumas dúvidas a serem esclarecidas pelo Secretaria de Governo Digital. 1 – Existe alguma contrapartida para esse acordo com a Microsoft? 2- Algum comprometimento de ressarcir futuramente a empresa pelos custos dessa “doação”? 3 – Outras empresas terão os mesmos benefícios que forem concedidos à Microsoft? 4 – As revendas Microsoft estão envolvidas nesse processo de doação? Quais?