Privatizações: sem rumo, funcionários partem para discussões absurdas

É sério o que estou lendo nas listas de discussão do Serpro? Vocês estão com ciúmes porque “só dá a Dataprev” no noticiário geral das privatizações? Eu custo a acreditar que nesta altura do campeonato tenha gente preocupada em ser a melhor empresa para ser vendida num processo de privatização.

Onde vocês estão com a cabeça?

Entendam, a privatização de Paulo Guedes é a mesma do receituário Liberal de 30 anos atrás: vender ativos para fazer caixa e estancar os custos no setor público. O problema não está nele, pois Paulo Guedes é previsível. O problema está nos agentes que ele colocou para dentro do governo, que pensam muito além de um “ajuste fiscal”.

A Dataprev só figura no noticiário como a “joia da coroa” das privatizações por uma razão simples. Enxuta e com os dados disponíveis de milhões de brasileiros, além de contratos de intermediação dessas informações com os bancos, a empresa torna-se um filé pronto para ser degustado.

Mas daí achar que por conta desses predicados é a “joia da coroa” vai uma distância muito grande da realidade. É preciso dar o desconto de que, quem considera isso, tem interesses difusos e talvez desconheça o “poder de fogo” do Serpro.

Além do mais, alguém já foi perguntar aos bancos, se eles querem privatizar um intermediário que cobra barato pelos dados que recebe para o consignado, para ter de sentar com empresas privadas que cobrarão o dobro pelos ‘custos do serviço’?

Aprendam: se quem propagar essa ideia de “joia da coroa” for escritório de Advocacia ou Consultoria, neste caso a opinião está contaminada pelo interesse direto no negócio. Apenas estão tentando se cacifar para prestar serviços mais à frente, quando e se houver a privatização dessas empresas.

Porque o “comprador” terá, necessariamente, de contratar escritórios de Advocacia e Consultorias para participarem desses leilões. Então, nada mais normal do que “especialistas” aparecerem agora no mercado demonstrando capacidade intelectual para prestar o serviço.

Outra coisa: eu desafio (não a vocês, estatais) a mostrar publicamente o Imposto de Renda do Caio Paes de Andrade ou da Christiane Edington, quando falam que vazam direto das estatais os dados dos brasileiros.

Esse papo furado de que se pode obter essas informações nas ruas de São Paulo é má-fé e quem propaga merecia um processo. As listas de CPFs que vendem por lá podem ser conseguidas através de inúmeros bancos de dados de lojas de departamento e até no bar da esquina. Quem aqui nunca forneceu o CPF em qualquer transação comercial?

Na época da privatização das Teles era a mesma coisa. Acusavam as empresas de fornecerem listas de telefones de brasileiros. Papo furado, todo mundo distribuía seu numero telefônico em diversos cadastros, que não tinham o menor controle depois de organismos oficiais e nem se sabia sobre o que seria feito com essas informações.

*Parem de criar pelo em ovo e reajam à esse tipo de picaretagem. Quando aparecer um malandro defendendo essa tese, se for empresário, mete o cara num tribunal para comprovar tal acusação.