“Eu sou a informação e f… o mundo”

Me perdoem o título grosseiro, mas ele é mais ou menos o resultado da minha observação depois de 10 anos de Governo do PT.

Não há uma só estatal, um só banco público, ministério e órgãos vinculados, que não tenham Assessorias de Imprensa. E ainda existem os que têm e contratam mais serviços tereceirizados.

Pergunto: pra quê?

Certamente não é para melhor informar à opinião pública sobre o que andam fazendo, pois não há estatísticas, mas eu desafio a comprovarem o número de visitantes em suas páginas ou quantas pessoas leram seus impressos ou viram seus vídeos.

Desde que o mundo é mundo, isso sempre foi trabalho da imprensa. Mas o governo prefere deixar com ela a tarefa das notícias ruins, já que as boas resolveram divulga-las por seus próprios meios.

O resultado prático é que ninguém consegue ler as boas, mas todos sabem das ruins. Eu sempre disse para essas autoridades: “não há um só dia que eu não receba notícia ruim, mas levo meses para descobrir uma boa”.

As boas eu descubro mais facilmente no Diário Oficial da União do que por intermédio das Assessorias de Imprensa.

O governo exige que todos os dias eu visite sua página para descobrir algo de bom. Dando tempo, faço, mas tem dias que a qualidade da informação é ruim. Não porque os profissionais que estão lá sejam piores do que os jornalistas como eu que estão do outro lado do balcão.

O problema é que quem está do lado de lá tem o compromisso de só falar bem, não ser crítico e nem questionar alguma coisa, faz parte do jogo ou então é rua.  Há ainda uma peculiar visão petista de que tudo o que é ruim deve ser escondido, ou se publicado, deve ser desqualificado como “mídia comprada, oposição, PIG” ou seja qual for a adjetivação da vez.

A patrulha não entende que uma crítica pode salvar um projeto, pode melhorar um governo.

Alguns próceres até convivem bem com as críticas, outros já acham que o tratamento a ser dado a quem critica é o de “Inimigo do Estado”. Alto lá cara-pálida! Você não é Estado mas, sim, governo. O Estado ao qual você se refere envolve a sociedade.

E é ela a quem você está enganando com esse discurso, não eu.

* Portanto, assessores gastem algum tempo nos enviando notícias e pautas, peguem o telefone e façam sugestões de entrevistas. Vocês são pagos também para isso. Não adianta informarem no Twitter um segundo antes, que vão transmitir alguma coisa, plenejem uma cobertura com a imprensa, não queiram ser mais realistas que o rei.