Segundo turno eleitoral e os possíveis reflexos sobre a Telebrás

* Excelente análise do Insight – Laboratório de Idéias, do dia  11/10/2010, sobre os reflexos da eleição presidencial no futuro da Telebrás. Tal reportagem já reflete o cenário político da pesquisa CNT/Sensus, que aventa a hipótese de um “empate técnico” nas intenções de votos para Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).

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Investidores agressivos estão atentos à movimentação com ações da Telebrás


Fundos de investimento em ações, com perfil agressivo, estariam aguardando a definição da eleição presidencial para, conforme o caso, assumirem posição nas ações da Telebrás, segundo informações colhidas junto ao mercado de renda variável.

Tais fundos, tanto nacionais como estrangeiros, caracterizam-se por oferecerem a seus clientes a opção de investimento em ações que, potencialmente, poderão proporcionar um elevado retorno no curto ou no médio prazo.

Segundo publicou o jornal Valor Econômico, em edição de 27/04/2010 (às vésperas do anúncio do Plano Nacional de Banda Larga), um estudo feito pela Economática, através de seu sistema de acompanhamento de fundos de investimento, mostrava que 24 carteiras haviam aplicado em ações PN da Telebrás e outras cinco em papéis ON desde outubro de 2009.

Os principais – Tamisa Multimercado, da BCSul Verax, Brasfort JKobori, da Geração Futuro, Hn Five Ações, do BTG Pactual e Perimeter Private 3, da Perimeter Asset – eram fundos exclusivos (restritos apenas a um conjunto pré-determinado de participantes que são definidos pela instituição administradora do fundo), o que explicava a forte concentração do papel nas carteiras – 98% no caso do Brasfort e 45,8% no do Tamisa.

A BC Sul Verax Serviços Financeiros, gestora de fundos do Banco Cruzeiro do Sul, chegou a deter cerca de 10% do capital votante da Telebrás, além de uma expressiva quantidade de ações preferenciais (vendida em 2008), tudo adquirido quando os papéis custavam R$ 0,01 ou pouco mais há alguns anos. Por não ter exercido seu direito de preferência na última subscrição, sua posição teria sido reduzida para 4,08% em meados de 2009. No entanto, como a corretora desse banco tem sido a maior compradora das ações ordinárias da empresa, o mercado acredita que a Verax já detenha uma posição em torno de 7% ou mais do capital votante.

Segundo a mesma reportagem do Valor, não foram apenas os gestores menores que tentaram ganhar com Telebrás. O Banco do Brasil também deu suas beliscadas via quatro fundos multimercados: o BB Top Master chegou a ter 0,2% da carteira em ações da estatal e o BB Top Mult Arrojado, 0,1%.

Com o crescimento do volume de negócios, outros fundos passaram a utilizar as ações preferenciais da Telebrás também para operações de renda fixa. Foi o caso da Planner, que comprava o papel à vista e o vendia a termo – para entrega futura a um preço determinado. O ganho nesse caso vem do diferencial entre o preço da compra e o da entrega futura, e fica perto do CDI.

A aproximação da campanha eleitoral fez com que algumas dessas estratégias fossem deixadas de lado, à espera da definição do novo presidente do País.
Caso Dilma Rousseff seja eleita, a tendência será de haver um vigoroso e imediato incremento no PNBL, já que este poderá evidenciar resultados práticos logo no início do novo governo. Assim, alguns gestores de fundos agressivos acreditam que um eventual governo Dilma dispensaria à Telebrás o mesmo tratamento preferencial de que estão sendo alvos a Petrobrás e a Eletrobrás. O diferencial estaria no fato de a nova estatal de banda larga ser uma empresa que, na prática, está renascendo pequena e com previsão de se tornar uma das mais importantes do País em pouco tempo.

Com a perspectiva de ser capitalizada e prestigiada, as ações da estatal poderão apresentar uma significativa valorização ainda em 2010 e durante os próximos quatro anos. Este cenário poderá ser potencializado já em dezembro, se a empresa passar a integrar o rol daquelas que serão analisadas nas prévias para a composição do Índice Bovespa que vigorará no primeiro quadrimestre de 2011. A eventual chegada da Telebrás ao Ibovespa fará com que os gestores de fundos de ações que seguem à risca o indicador – as chamadas carteiras passivas – tenham que comprar o papel de forma compulsória, produzindo uma nova onda de liquidez para as ações.

Por outro lado, segundo alguns investidores, o baixo valor dos papéis da empresa, gerado pela onda de venda dos últimos dias, faz com que suas ações tenham se tornado atraentes, mesmo para o caso de uma vitória da oposição. Tal estratégia estaria baseada na hipótese de que José Serra, caso eleito, venha a manter a Telebrás e o PNBL, alterando apenas os quadros diretivos e algumas de suas linhas-mestras, em uma adaptação do Plano ao ideário do PSDB, mas sem desconfigurá-lo muito.

Isso seria possível devido ao fato de este partido não ter um plano próprio para a banda larga, podendo aproveitar – no interesse maior do País – o arcabouço básico já existente, a fim de também poder obter resultados práticos imediatos sem precisar perder tempo em novos e demorados planejamentos. Colaboram para esta hipótese o fato de a Telebrás já ser uma empresa “pronta”, ter a fase inicial do PNBL já em andamento e, ainda, ser a companhia de capital aberto com maior base acionária do Brasil (2,9 milhões de acionistas, entre pessoas físicas e jurídicas).

Atentos a essas perspectivas, gestores de fundos agressivos e outros investidores de porte aguardam o resultado das urnas ou, conforme o caso, apenas o das últimas pesquisas de intenção de voto para uma tomada de decisão.

No entanto, o forte volume de negociação com as ações da estatal pode estar indicando que algumas destas posições já estejam sendo montadas, haja vista que, se há um grande número de vendedores, também o há de compradores, o que explica o alto volume de negócios.