Russos, Microsoft e o milagre da multiplicação no governo

Sempre ouvi dizerem essa máxima no mercado financeiro, mas não encontrava um exemplo tão claro como agora: “dinheiro não tem pátria, não conhece política, nem tampouco escolhe dono”.

Precisou a Softline do Brasil – subsidiária da gigante mundial Softline Group – ser criada e abrir a porta do grupo no país, para eu entender o real significado dessa frase acima.

Do ponto de vista governo, nem bem chegou e a empresa, que em 2015 faturou R$ 14 mil, deu um salto em 2016 para R$ 14 milhões, um crescimento de 1000%.

E agora, em 2017, além de continuar faturando com esses contratos, já anuncia  mais uma façanha: colocou o pé na Dataprev, um dos últimos redutos do software livre, para distribuição do Office 365. (Leia a reportagem Aqui).

A multinacional russa Softline Group tem 22 anos e se apresenta como “líder mundial no mercado de TI”, devido a sua experiência com uma carteira de mais de 60 mil clientes em todo o mundo, os principais fornecedores de TI globais. Ao todo tem 3.200 colaboradores distribuídos em 28 países e 81 cidades em todo o mundo.

A Softline Brasil começou a operar como uma S/A de capital fechado (R$ 24,5 milhões) em janeiro de 2014, com um dos focos a revenda Microsoft em solo brasileiro e soluções para nuvem. Já contaria com mais de 800 contratos ativos no Brasil, graças à compra da Compusoftware.

Seu quadro diretivo é formado por dois russos e um brasileiro.

Igor Kolomenskiy será o “Chief Operating Officer” da companhia brasileira. Ele tem larga experiencia profissional na Microsoft, onde já ocupou cargos como, “Devices Solutions Specialist Manager, entre 2014 e 2016 em Moscou, na Rússia. Também já ocupou o cargo na Microsoft de “Education Sales Team Lead”, entre 2008 e 2014 em Moscou e ainda foi Services Sales Executive (2006/2008).

(Foto: Linkedin)

Já o outro russo se chama Rafael Roubicek, e no Brasil ocupará a função de “Chief Financial Officer”. Rafael já atuou nas empresas: TCOB – Taking Care of Business Consulting; Ceragon Networks; LMSM Consultores; Linklaters; Harris Corporation e Orica. Tudo no período 1998/ 2000.

(Foto Linkedin)

A ponta brasileira no empreendimento russo é o executivo Adriano de Castro Vieira, que deverá atuar na empresa como executivo da área de vendas. Adriano era da COO da Compusoftware e anteriormente Chefe da área de vendas da Softcorp. Sua experiência com o mercado brasileiro, sobretudo na área de governo, deverá pavimentar a presença russa no setor. Ao que parece, sua presença também o reaproxima da Microsoft. Enquanto comandava a Compusoftware estava impedido nos últimos anos de atuar na revenda das licenças de software da Microsoft, por causa de problemas dos sócios com a sede da companhia em Redmond, em Washington (EUA). (Foto Linkedin)

*Se eu fosse as demais revendas da MS colocava as barbas de molho. Ninguém conseguiu um salto tão grande, de 1000%, revendendo Microsoft para o governo. E ao que parece, os russos têm a chave desse cofre. O governo já não tem como negar que está de portas abertas para a volta da multinacional símbolo do software proprietário.