Quem tem medo da IA? E dos bots?

Sem uma fiscalização rigorosa, todo mundo. Hoje, começou a valer o site Não Me Perturbe, que bloqueia ligações de operadoras de telefone. Uma exigência legal para barrar as incômodas chamadas de um telemarketing malfeito e automatizado.

No início do ano, o presidente da Vivo Brasil, contou no Microsoft AI+Tour , realizado em São Paulo, que consegue reter 70% das ligações no call center com a Aura. Segundo ele, a tecnologia está transformando a experiência do cliente no call center, transformando-o em cognitivo.

Pessoalmente, não conheço ninguém que tenha ouvido com paciência o robozinho do outro lado, especialmente porque o comum são ligações “mudas”, várias vezes ao dia. Mas não tem como contestar números. E, se não houvesse o mínimo de conversão, as empresas não investiriam nos sistemas. Os bots e a Inteligência Artificial (IA) vieram para ficar. E, como outras ondas tecnológicas, vão transformar bastante a vida cotidiana.

Qualquer marca que venda seus produtos pelo Instagram, por exemplo, já faz interações automatizadas com seus clientes ou potenciais compradores tão logo recebam um novo like. É cativar o consumidor com pouco custo e esforço. O desafio é adivinhar o que a maioria iria perguntar à marca. Pode até ser um diálogo entre bots.

É verdade que ainda não são populares no Brasil os assistentes pessoais da Amazon, Google e Apple, interligando equipamentos conectados e facilitando a vida doméstica. O BNDES havia anunciado uma linha especial de financiamento para projetos tecnológicos IoT (Internet das Coisas) mas, dada a retração econômica, deve demorar um pouco mais para deslanchar.

Outra problema, que assusta muita gente, é a questão da privacidade. Faz tempo que gente como Mark Zuckerberg cola fita isolante até nas câmeras dos lap tops para evitar que seus dados sejam coletados ou que alguém tenha acesso a seus dispositivos. Não é exagero. Existem casos de invasão em dispositivos como babás eletrônicas e Google Home/Google Assistente.

O fato é que a privacidade tem se tornado uma mera questão de (não) escolha, algo que perde a importância num cenário em que, a cada aplicativo baixado, você, em troca, permite acesso a seus dados pessoais, preferências e interesses. Qualquer atendimento ou cadastro feito – de curso a compra no shopping – te pede o CPF. A privacidade é um acessório de luxo, que apenas pessoas totalmente isoladas do mundo moderno poderiam ter.