Quem banca?

Uma faculdade está sendo construída na cidade de Itapaci (GO) pelo SINDPD-DF. 

Em 11 de setembro de 2006 foi aprovada em Itapaci (GO) a Lei 1100, na gestão do prefeito Salvador Andre de Leandro. Nesta legislação o poder Executivo Municipal autorizou a desafetação de um terreno e a alienação do mesmo em favor da Associação de Formação dos Trabalhadores em Informática – EFTI, por doação, “para fins de construção de uma filial da Escola de Formação de trabalhadores em informática, nesta cidade”.

Trata-se de um terreno de 4,118 mil metros quadrados, em que a EFTI já está contruindo um prédio para acomodação da nova faculdade. Pelo acordo com a prefeitura, o diretor jurídico do SINDPD-DF, Avel de Alencar, teria um  prazo improrrogável de dois anos para construir a faculdade e de cinco anos para colocá-la em funcionamento. Com no mínimo mil metros quadrados de construção.

Avel de Alencar controla a EFTI – Associação de Formação de Trabalhadores em Informática, desde a sua fundação, através de sua mulher, Patrícia Alencar. E mantém como Diretor Administrativo e Financeiro, Marcelo Luiz de Barros, o sindicalista do SINDPD-DF, que também é dono de empresa que pode atuar tanto no setor de limpeza, quanto no de informática.

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A EFTI foi criada com dinheiro do Ministério da Educação (R$ 1,253 milhão) e tem sido mantida com recursos oriundos de empresas de informática do Distrito Federal, através do recolhimento de 1% de suas folhas de pagamento. Isso está previsto em Acordo Coletivo de Trabalho, assinado entre o presidente do SINDPD-DF, Djalma Araújo e a presidente do SINDESEI,  Suely Nakao, dona da empresa Poliedro Informática. O sindicato patronal está envolvido na “Operação Mainframe”, da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, que investiga fraudes em licitações e formação de cartel.

Embora esse acordo envolva diretamente o SINDPD-DF, o presidente do sindicato, Djalma Araújo, simplesmente deixou que o dinheiro fosse repassado diretamente para uma conta bancária da EFTI. Portanto, Djalma não sabe e nunca se incomodou em saber, quanto efetivamente as empresas de informática repassam para essa faculdade.

Não há prestação de contas ao sindicato e nem publicamente. O sindicato, se recebe alguma informação da arrecadação que é feita nas empresas, não informa quanto em dinheiro arrecada com esse acordo com o SINDESEI. No entanto, deve ser suficiente para suprir as necessidades da EFTI e ainda bancar a construção de uma faculdade de informática no interior de Goiás, num município com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano do país.

Algumas empresas que conversaram com este Blog se dizem extorquidas pela direção do SINDPD-DF, mas nada podem fazer. Alegam que preferem pagar, sem saber exatamente se o dinheiro é bem empregado ou não e cumpre as finalidades que justificaram a criação desta faculdade, a encarar uma fiscalização do sindicato. (este é outro assunto, fica para depois)

Avel de Alencar sempre alegou que as contas da EFTI são auditadas pelo Tribunal de Contas da União. Em pesquisas feitas por esse Blog no tribunal, não encontrou nenhuma informação de que o TCU alguma vez tenha feito alguma auditoria nesta Associação. Somente Avel poderia esclarecer tal fato apresentando documentos oficiais com os resultados dessas auditorias.

Como essa entidade foi criada com apoio do MEC para exercer uma atividade sem fins lucraticos ( o que não é verdade e provaremos em breve), fica a seguinte pergunta: Quem está bancando a construção desta faculdade em Itapaci (GO)?

– O SINDPD-DF, através de recursos próprios?

– O SINDESEI, através da sua folha de pagamento no Distrito Federal?

* Com a palavra o senhor Djalma Araújo, presidente do SINDPD-DF. Já o senhor Avel de Alencar dará as devidas declarações em juízo, uma vez que moveu ação contra o autor deste Blog.