O nebuloso ecossistema do 5G no Brasil

Por Joanilson Ferreira* – O “bonde da tecnologia 5G” está passando e estamos assistindo como espectadores. Como a falta de foco e o desinteresse da maioria poderá favorecer uma minoria, num tema que determinará o futuro do Brasil no cenário econômico mundial.

Apelidada por muitos como “rede das redes” o 5G é o caminho para quem quiser se habilitar a competir nos mercados mundiais daqui a poucos anos. 5G não é plataforma tecnológica e sim o meio pelo qual serão implementadas plataformas diversas com ganhos exponenciais quanto a escalabilidade, integração, abrangência e velocidade de transmissão.

Ao lado de outros fundamentos tais como matriz energética diversificada e barata (sem hidroelétricas paquidermes que inundam área semelhante a metade da Europa, sem energia atômica, sem carvão ou derivados de petróleo), infraestrutura e logística adequados, a rede 5G já é um diferencial no ambiente de investimentos mundial.

Apesar de algumas declarações pontuais ora da indústria ora de autoridades dando conta de que o Brasil está inserido neste contexto a realidade aponta para outra verdade: O Brasil está muito atrasado na corrida pela adoção responsável do 5G. Vender espectro ou faixas deste não é fazer política tecnológica.

Além do mais não são só as “teles” que deverão investir em novas redes. Com 5G não é assim. Não há no Brasil um ambiente permanente de discussões e ações coordenadas que envolvam a sociedade civil, academia, órgãos reguladores, desenvolvedores, indústria e por fim os investidores.

É preciso urgentemente criar-se um fórum permanente aos moldes do que foi adotado quando da mudança do padrão da TV DIGITAL, onde todos se façam representar com o mesmo peso diante de seus pares e imbuídos de um único propósito: “Criar um ecossistema que coloque o Brasil no caminho do crescimento tecnológico”.

Alguns desafios devem ser encarados imediatamente tais como:

• Tratar o marco regulatório que proteja o consumidor, seja ele de qualquer segmento da sociedade, mas como uma regulação menos restritiva.
• Propiciar a revisão dos modelos de negócio para as redes que coexistirão com a nova rede tais como 4G, 3G.
• Permita a revitalização do setor de TICs, com o objetivo de que o país volte a ser um produtor de tecnologia.
• Garantir a competição no setor de telecomunicações no Brasil.
• Garantir cobertura, escala e preço para a conectividade.
• Incentivar a disrupção do modelo econômico atual para a era da economia digital.

Não dá para esperar mais! o tempo não para no porto, não apita na curva e não espera ninguém…

*Joanilson Ferreira é CEO na Staff Consultores Associados