Demonização do óbvio na Dataprev e no Serpro

Enfim, um pequeno grupo de funcionários da Dataprev interessados na sua sobrevivência – na sua, para ser bem específico – conseguiu fisgar um peixe grande nesse fim de semana com o seu “dossiê”, que eu conheço  já há algum tempo.

A Folha de São Paulo produziu o óbvio com base nas informações desse grupo. Informações estas, que todo e qualquer ser, até um mediano da área de TICs, já sabia desde o ano passado: a equipe de governança da TI federal veio do meio empresarial e não tem ligações diretas com políticos.

Dãããããããããããã!

Esse grupo tem por norma na defesa dos seus interesses espalhar a seguinte tese: “se é empresário ou executivo da área, então é bandido”.

Por esse prisma lembro que na Dataprev, por exemplo, tivemos uma empresa de call center com contrato na estatal, cujo dono era deputado federal pelo PT.

Ou no Serpro tivemos uma “presidenta” que navegou confortavelmente pelo PMDB, PSDB, PT, MDB (Temer) e já queria inaugurar uma temporada na Bolsolândia.

Essa matéria da Folha, se vista pelo prisma da eficiência, dá para se argumentar que, a Dataprev depois de muito tempo ganhou uma executiva que “fala a língua” da peonada no chão da fábrica. Talvez isso incomode mais do que qualquer outra coisa, como o fato dela ser “executiva ou empresária” de consultoria. Não vai ser fácil enrolar uma engenheira de software.

Já no Serpro o presidente que está lá dificilmente pensaria em colocar suas empresas para dentro. É nivelar o cérebro desse empresário com os dos seus detratores e suas denúncias espalhafatosas. O cara está lá não para fazer negócio com suas empresas, esqueçam isso. Seu interesse é o de ser o operador de coisa muito maior, para conglomerados 100 vezes maiores do que suas empresas, interessadas nos dados dos cidadãos.

Ademais, se é para se preocupar com “empresários” fazendo negócios dentro do Serpro ou da Dataprev, lembraria que o Google já está na primeira estatal citada desde a gestão Glória Guimarães, que ao que nos conste não era empresária. Sem que ninguém saiba ao certo qual o teor do contrato de uma obscura parceria que ninguém também sabe direito para quê servirá.

Portanto, vamos nos ater aos fatos, às futuras movimentações desse grupo. Ficar aqui chovendo no molhado é a antinotícia. Até porque, se é para julgar alguém por “deixar empresário comandar estatal”, vamos bater no endereço certo: a Comissão de Ética Pública, que não viu conflito de interesse no tema

*Vida que segue.

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