Aplicativo de mapa da pandemia usa nome da Celepar com fins lucrativos

A Celepar, estatal de processamento de dados do Estado do Paraná, foi obrigada ontem a emitir uma nota oficial, negando que tenha desenvolvido um mapa interativo que informa o número de infectados pelo coronavírus em determinado bairro ou região de uma cidade.

Segundo a nota da empresa, “estudantes” da Universidade Federal do Paraná seriam os autores desse mapa, que teve propaganda veiculada pelo WhatsApp creditando à estatal a autoria. “Este projeto foi idealizado por estudantes da UFPR e nele as informações são preenchidas de forma colaborativa pela população”, informa a nota da Celepar.

Que acrescentou: “Enaltecemos que a Celepar não desenvolveu este mapa, tampouco o site e nem disponibilizou informações contidas nele”.

Entretanto, a imagem da estatal foi prejudicada no WhatsApp. A propaganda deixava claro que o aplicativo teria sido feito pela Celepar e rapidamente se espalhou pelo serviço de mensagens pelas pessoas que gostaram de saber quantos infectados pela Covid-19 seriam “vizinhos” na sua região.

O app também não deve ter ligações com a Universidade Federal do Paraná e nem foi desenvolvido por um grupo de estudantes, por inciativa da instituição. Trata-se de um golpe publicitário, se valendo da imagem da Celepar e da própria Universidade.

O autor ou dono do aplicativo, criado a partir do uso de Algoritmo divulgado pela FIOCRUZ, do Ministério da Saúde, seria uma organização denominada “Juntos Contra o Covid“. Que alega contar com um suposto apoio financeiro de “empresas e entidades que colaboram para manter essa ideia de pé”.

Este site costuma receber informações de iniciativas de empresas em apoio ao Combate ao Covid-19. Porém não constam mensagens de que estejam realmente endossando financeiramente essa inciativa. Mas elas estão estampadas na página desta entidade que aproveita para pedir dinheiro aos internautas através de “doações” para a causa:

O Mapa é real, embora seja desatualizado e deixe margem para dúvidas se as informações contidas nele são verdadeiras, pois parte do princípio de que as pessoas podem informar seu estado de saúde, o que acaba gerando a possibilidade de fraude.

Os supostos donos ou autores da inciativa são três e possuem páginas com os seus currículos no LinkedIn. Faissal Nemer Hajar se diz “acadêmico de Medicina na UFPR”, Ali Hamud se apresenta como Engenheiro Civil e “trainee na BBraum 2020” e Amanda Silveira MBA em comunicação online e marketing digital.

Procuramos entrar em contato com Faissal e Ali Hamud através de mensagens, mas apenas o segundo visitou a página deste site no Linkedin nas últimas ’12 horas, sem contudo se interessar em retornar o contato.

Na página da entidade “Juntos Contra o Covid” os supostos autores confirmam que estão criando um banco de dados com informações das pessoas que se dispõem a informar o estado de saúde.

Mas alegam que estão cientes quanto a “natureza sensível das perguntas (…) e levamos a sério a segurança e a confidencialidade de suas informações”. E acrescentam: “Para a sua tranquilidade, estamos em conformidade com a LGPD“.

A Celepar, em sua nota oficial, não informou se pretende mover ação judicial de reparação por eventuais danos causados à imagem da estatal e nem tampouco se acionou os órgãos competentes para investigar o uso indevido da marca num aplicativo que não desenvolveu.