Serpro chama consultorias para criar novos Apps, mas contrato será para poucos

Poucas consultorias nacionais terão condições de cumprir a exigência prevista na Consulta Pública da estatal está lançando. Por exemplo, a consultoria terá de apresentar certificado de capacidade técnica emitido por empresas nacionais ou estrangeiras com ativos superiores a R$ 240 milhões ou faturamento superior a R$ 300 milhões.

A outra opção seria a consultoria apresentar certificados emitidos por órgãos da Administração Federal, direta ou indireta, ou representantes de governos estrangeiros. Indago: quais consultorias nacionais entrarão para o seleto grupo de desenvolvimento de aplicativos do Serpro?

A proposta está contida no “Edital de Chamamento Público para Procedimento de Manifestação de Interesse Privado”, publicado ontem (16) pelo Serpro.

Segundo documento obtido por esse site, a estatal pretende selecionar “empresas de consultoria especializada (sic) para, em regime de parceria de negócios, executar serviços em conjunto com o SERPRO no processo de transformação digital, dos serviços prestados pelos Órgãos Federais à população”.

O grau de exigência não fica restrito apenas ao porte financeiro da consultoria, ou de quem irá indicá-la. O Serpro define no edital o nível profissional daqueles que deseja ver integrados ao seu corpo funcional para o desenvolvimento de aplicativos de Governo Digital.

Ou seja, as startups brasileiras que vêm realizando um belo trabalho no mercado privado, e que aos poucos vão ganhando reconhecimento internacional, podem acabar longe desse processo de escolha do Serpro.

Então restam duvidas se a estatal está sendo indutora de crescimento do mercado brasileiro ou se apenas será mais um contrato com consultorias de nível internacional, ou lastreadas por grandes grupos econômicos que amanhã podem vir a se tornar até donos do Serpro num eventual processo de privatização.

Recentemente a Assespro Nacional foi ao Ministério da Economia para criticar o papel das estatais no mercado privado. Participaram de reunião com o secretário Salim Mattar, o responsável pelas privatizações. Que alega que as empresas públicas devem se retirar dessa atividade econômica, inerente ao mercado privado.

Os empresários saíram de lá encantados com o discurso, quase um canto da sereia, pois voltaram pra casa acreditando que irão abocanhar fatias do mercado governamental se o Serpro cair.

*Quem viver, verá que não.

O EDITAL COMPLETO VOCÊ ENCONTRA AQUI.

**imagem Serpro.