Governo volta falar em vender Dataprev e parte do capital do Serpro

A informação teria sido repassada pelo Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel, em encontro com as chefias do Serpro de Porto Alegre na última sexta-feira, segundo fontes ligadas à estatal.

Uebel foi ao Rio Grande do Sul participar de um evento de TICs e aproveitou para fazer uma visita à unidade da estatal. Nas conversas, deixou escapar, segundo essas mesmas fontes, que a Dataprev está na lista das empresas estatais que serão vendidas, o que permitirá ao governo arrecadar em torno de R$ 100 bilhões.

Já o Serpro não figuraria na relação dessas empresas privatizáveis. Entretanto, não descartou a possibilidade de parte do capital social do Serpro ser aberto ao mercado privado, mas com o governo mantendo o controle.

Curiosamente, um dos secretários mais importantes na hierarquia do Ministério da Economia se reuniu sozinho com subalternos no Serpro gaúcho. Nenhum diretor estava presente ao encontro, o que não é normal em se tratando da liturgia dos poderes em Brasília e do porte da autoridade em questão.

Na passagem de Uebel por Porto Alegre, esta página também apurou que ocorreu uma situação um tanto inusitada para os padrões de relacionamentos entre autoridades e subordinados. Quando ainda se encontrava nas dependências da estatal, o secretário teria sido abordado pelo polêmico funcionário João Carlos Satrappazon, que o pressionou a se manifestar sobre quando o Serpro faria uma “despetização” em suas dependências.

Fontes internas do Serpro afirmam que, surpreso com a abordagem, pois Strappazon não faz parte dos seus quadros no ministério e nem teria autoridade para abordá-lo para falar sobre política dentro da empresa, limitou-se a recomendar Strappazon a criar um “dossiê” para enviá-lo, sobre o assunto.

Entretanto o secretário teria deixado transparecer que estava tomando aquela atitude muito mais para se livrar do incômodo da abordagem do que levado à sério o assédio do funcionário. Seja para se livrar ou não do incômodo problema, Strappazzon saiu convicto de que ganhou uma espécie de “carta branca” de Paulo Uebel, para sair denunciando colegas de trabalho que não fazem parte do seu gosto político, se é que há algum.

Um fato que, se comprovado depois pelo funcionário, que é dado a desmentidos sobre informações que não lhe interessam, quando são divulgadas por este site, será inédito na empresa. Nunca antes um funcionário do Serpro teria recebido uma “autorização” para sair denunciando outros que não fazem parte do seu viés político, num claro processo de “caça às bruxas”.

Para quem recentemente ganhou poderes de acesso ao banco de dados dos funcionários, foi uma atitude temerária de Uebel, que provavelmente nem tinha ideia sobre o assunto e com quem estava lidando naquele momento.

*Em tempo: essa informação sobre o acesso de Strappazzon aos dados dos funcionários do Serpro foi dada pelo próprio diretor de RH Wilson Coury, quando esteve reunido com sindicalistas, o que preocupou na época a entidade. Como não me pediram Off absoluto sobre o assunto e Strappazon correu para desmentir em listas de discussões, inclusive me ofendendo ao afirmar que eu “ganho dinheiro da Fenadados para dar notas contra ele”, façam bom proveito com essa informação.