O último baile do Império

No apagar das luzes do Governo Temer, meia dúzia de barnabés do Ministério do Planejamento, decidiram que podem gastar algo com serviços de nuvem, estimado em edital, na casa de R$ 71 milhões.

Além disso, acham que têm o direito divino de amarrar 11 órgãos federais, no próximo governo, a esse contrato com um único fornecedor de serviços de nuvem. E isso pelos próximos cinco anos.

Seja qual for o novo governo que assuma, este já terá de encarar pela frente essa conta a ser paga, porque os gênios do Ministério do Planejamento decidiram que podem gastar o dinheiro do contribuinte com o seu mirabolante projeto.

Já alterado duas vezes neste mesmo governo.

Primeiro, esse ministério, quando pensou em nuvem federal, esperava abrir o projeto ao mercado, tendo um “gerente” para cuidar da sua implementação. Chamava-o de “multinuvem”.

Mas ao cair a cúpula ministerial (seja pra cima ou pra baixo), o que se viu foi o controle da pasta passar para as mãos de meros gerentes. Burocratas sem nenhuma experiência de mercado, que seja relevante, decidiram que o governo deve agora ficar dependente tecnológico de um único fornecedor.

*Mesmo sabendo que recentemente nos EUA, a queda de servidores de um grande provedor de nuvem, acabou deixando boa parte do país sem o serviço.

A verdade é que não há nenhuma justificativa plausível para um governo que está acabando e que por duas vezes mudou os objetivos do projeto – justamente por não saber qual seria o ideal – ter pressa agora de aprovar algo que não tem a menor certeza se será bom ou ruim para o próximo governo.

Isso, considerando que quem entrar pense numa nuvem federal, pois até agora não há o menor indício de que ambos os candidatos queiram isso no seu futuro governo.

Além disso, por que ficar dependente tecnológico de um único fornecedor ou consórcio fornecedor de serviços de nuvem, jogando o resto do mercado ao “Deus dará”, sem nenhuma fatia das verbas federais?

Não bastassem os indícios de favorecimento a um grande provedor desse serviço, notícia que corre internamente entre as empresas do ramo, tal decisão de amarrar a dependência tecnológica vai contra tudo o que pregou o Ministério Público Federal, lá atrás, quando acabou com o contrato Unisys/Dataprev.

Espero que haja bom senso da parte do Ministério do Planejamento e que seja cancelado o pregão para contratação de fornecedor de serviços de nuvem. A licitação será no próximo dia 8 de novembro, apenas 11 dias depois de escolhido o novo governo, mas que somente tomará posse em janeiro do ano que vem.

*Com a palavra os organismos de controle.